O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta terça-feira (13) aos 89 anos. A morte foi confirmada pelo atual chefe de Estado, Yamandú Orsi, que homenageou Mujica nas redes sociais com a mensagem: “Presidente, ativista, líder e guia. Vamos sentir muito a sua falta, meu velho”.

Reconhecido internacionalmente por seu estilo de vida simples, Mujica ficou conhecido como “o presidente mais pobre do mundo” durante seu mandato (2010–2015), marcado pela austeridade, humildade e mensagens humanistas. Ele morava numa pequena chácara nos arredores de Montevidéu, doava grande parte do seu salário e dispensava regalias do cargo.

No início de 2024, Mujica foi diagnosticado com câncer no esôfago. Em entrevistas recentes, revelou que a doença havia se agravado e que seu corpo já não suportava os tratamentos, pedindo para partir em paz: “O guerreiro tem direito ao descanso”, declarou.

Nascido em Montevidéu em 1935, de origem italiana e basca, Mujica iniciou sua trajetória política no conservador Partido Nacional, mas logo aderiu ao Movimento de Libertação Nacional (MLN-Tupamaros), uma organização guerrilheira de esquerda atuante nas décadas de 1960 e 1970. Preso por mais de uma década durante a ditadura uruguaia, saiu da prisão nos anos 1980 e dedicou-se à vida política democrática, chegando à presidência em 2010.

A trajetória de Mujica, marcada pela luta, pela simplicidade e pela defesa dos mais humildes, fez dele uma figura reverenciada em toda a América Latina e além. Sua morte encerra um ciclo de liderança rara, centrada na coerência entre discurso e prática.