Aliados veem falhas em depoimento e tentam conter danos
O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre o plano de golpe para se manter no poder, gerou frustração entre seus aliados mais próximos. Avaliações internas indicam que Bolsonaro perdeu uma oportunidade estratégica ao desviar o foco do tema central e priorizar feitos da sua gestão, como obras no Nordeste e a escolha de um “ministério técnico”.
Segundo fontes próximas, o ex-presidente deveria ter seguido um discurso mais estruturado, com “começo, meio e fim”, abordando as dificuldades eleitorais que, segundo eles, poderiam justificar a consideração de alternativas como o estado de sítio. Embora esse argumento dificilmente convencesse o STF, a ala bolsonarista esperava um posicionamento mais coeso e convincente.
Para um assessor, Bolsonaro até tentou usar a “vertical jurídica” a seu favor, mas falhou em apresentar um “verniz de comunicação” que tornasse o discurso eficaz perante a opinião pública.
Apesar disso, interlocutores avaliam que o ex-presidente saiu “no zero a zero” — não teve o desempenho esperado, mas também não causou grandes danos imediatos à sua defesa. A ordem agora entre os aliados é “conter danos” e preparar-se para um eventual desfecho desfavorável, com muitos a admitirem que a prisão de Bolsonaro é apenas uma questão de tempo.
No mesmo processo, a defesa do ex-presidente questionou a conduta de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, especialmente sobre a possível ocultação de um telemóvel e contactos com investigados. Outro ponto de tensão é a origem do dinheiro entregue por Braga Netto a Cid, que pode agravar o envolvimento de figuras-chave próximas ao ex-presidente.
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