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Angolanos protestam contra aumento nos preços dos comboios

Desde 5 de maio, os bilhetes dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes (CFM), que ligam as províncias do Namibe, Huíla e Cuando Cubango, passaram por um aumento expressivo. Na terceira classe, por exemplo, a tarifa subiu de 2.800 para 4.500 kwanzas, afetando diretamente milhares de cidadãos que utilizam o transporte ferroviário para trabalhar, estudar, realizar atividades comerciais ou acessar serviços de saúde.

A decisão do governo angolano, justificada com base em “custos operacionais elevados” e na necessidade de manter a infraestrutura ferroviária, não foi bem recebida pela população. Muitos consideram a medida insensível num momento de crise económica, marcada pela desvalorização do kwanza e aumento generalizado do custo de vida.

Silvano Dino, residente em Menongue e trabalhador no município de Cuchi, afirma que a nova tarifa torna insustentável o deslocamento diário. “Antes pagávamos 600 kwanzas, agora são 1000. Está mesmo difícil”, lamenta.

Mwene Bailundo, outro passageiro, denuncia que o aumento afeta sobretudo as famílias pobres: “A carruagem mais barata duplicou de preço. É insustentável.” Ele ainda critica o aumento do gasóleo, que impulsionou os reajustes nos transportes, sem qualquer compensação para os cidadãos: “Se o Estado decidiu subir o gasóleo, devia ao menos manter os transportes acessíveis.”

O economista e professor Maximino Katchekele considera o aumento previsível, mas lamenta que os mais vulneráveis sejam os mais prejudicados. Ele alerta para o possível agravamento da crise social e a pressão sobre os preços dos produtos, já que o caminho-de-ferro é vital para o abastecimento de várias regiões. “O Estado apressou-se. Deveria primeiro avaliar a inflação e preparar a população”, conclui.

A medida ameaça afetar negativamente o comércio interprovincial e as atividades económicas dos pequenos comerciantes, aumentando a pressão sobre um já debilitado tecido social e económico em Angola.

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