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FAC retoma combates com FAA e denuncia violação de trégua

O Estado-Maior das Forças Armadas Cabindesas (FAC) anunciou neste domingo (4 de maio de 2025) a retomada dos combates com as Forças Armadas Angolanas (FAA), acusando o governo de Angola de violar o cessar-fogo unilateral declarado em 14 de abril. A ofensiva militar, segundo a FAC, resultou na morte de 18 pessoas — sete militares (quatro da FAC e três da FAA) e onze civis — incluindo dois cidadãos congoleses abatidos em território da República Democrática do Congo.

O ataque inicial ocorreu às 04h na aldeia de Kimbanza-Vingi, em Necuto, onde nove civis e quatro soldados das FAC foram mortos. Os combates continuaram do lado congolês da fronteira, na aldeia de Kimbanza-Mbemba, aumentando a gravidade da situação ao envolver diretamente outro país. A FAC afirma ainda que mais de 250 soldados angolanos atravessaram a fronteira e entraram na aldeia congolesa de Kionzo, em clara escalada do conflito.

Em comunicado, o tenente-general João Cruz Mavinga Lúcifer, chefe da direção das Forças Especiais das FAC, acusou o presidente angolano João Lourenço de não querer diálogo nem paz para Cabinda, ignorando os apelos feitos por partidos como a UNITA, que no mês passado apresentou ao parlamento uma proposta para o fim imediato das hostilidades e o início de negociações.

Na semana anterior, representantes da UNITA e da FLEC-FAC estiveram reunidos em Bruxelas, onde reforçaram o compromisso com o cessar-fogo e apelaram ao governo angolano para se juntar ao diálogo, previsto para vigorar até 14 de junho. No entanto, o governo angolano mantém a sua posição oficial de que não há conflito armado em Cabinda, classificando a FLEC-FAC como um grupo separatista sem legitimidade, e rejeitando qualquer tipo de negociação com o grupo.

O enclave de Cabinda, separado do restante território de Angola por uma faixa da República Democrática do Congo, é uma das regiões mais ricas em petróleo do país e vem sendo alvo de reivindicações independentistas há décadas. A FLEC-FAC baseia seu pedido de independência no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, que estabelecia Cabinda como um protetorado português, juridicamente distinto de Angola.

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