Governo de Moçambique pede diálogo para evitar greves na saúde
O Governo de Moçambique renovou esta quinta-feira (29.05) o apelo ao diálogo com os profissionais de saúde, numa tentativa de travar as greves que continuam a afetar o setor há cerca de três anos. No parlamento, o ministro da Saúde, Ussene Isse, afirmou que o Executivo está a fazer um “grande esforço” para regularizar o pagamento de horas extraordinárias e outros subsídios em atraso, dentro das limitações orçamentais do país.
O governante sublinhou os riscos de uma paralisação na saúde, alertando para as consequências diretas na vida da população, como o aumento de mortes e sofrimento. “Há um diálogo aberto, franco, honesto e justo com os colegas. Estamos conscientes da gravidade da situação e a trabalhar para responder às principais preocupações, ainda que de forma faseada”, frisou Ussene Isse.
O bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça, também se pronunciou, reforçando a necessidade de mais atenção ao setor. Durante o XII Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa, em Maputo, Manhiça destacou a falta de meios como uma das principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais, afirmando que a situação compromete a dignidade da prática médica e a qualidade dos serviços prestados à população.
Os médicos do Hospital Central de Maputo, o maior do país, ameaçam suspender o trabalho extraordinário a partir de 1 de junho, o que poderá agravar ainda mais a situação dos cuidados de saúde. O Governo, por sua vez, insiste que “ninguém ganha com a greve” e apela à continuação das negociações com os representantes do setor.
As paralisações vêm sendo organizadas também pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que representa cerca de 65 mil trabalhadores. A persistência das greves reflete um mal-estar prolongado na classe, que exige melhores condições laborais e respeito pelos compromissos assumidos.
O cenário permanece tenso, e tanto Governo como profissionais reconhecem a “extrema sensibilidade” da situação, apelando a uma solução que evite o colapso dos serviços essenciais de saúde no país.
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