Julgamento do caso Kopelipa enfrenta adiamentos e impasses
O julgamento do caso Kopelipa, que envolve os generais “Dino” e “Kopelipa”, continua a ser marcado por adiamentos e impasses, com o tribunal ainda lidando com questões preliminares antes de iniciar a produção de provas. O julgamento, que teve início com a promessa de ser célere, enfrenta constantes paralisações, o que tem gerado frustração tanto entre os envolvidos quanto entre a opinião pública.
Na última sessão, realizada a 13 de maio, o tribunal iniciou o processo apenas para ouvir explicações do Ministério da Indústria e Comércio e do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) sobre os ativos relacionados ao caso. No entanto, as questões relacionadas à venda de 100% do património arrolado ainda não foram esclarecidas, e o tribunal não conseguiu avançar para a fase de produção de provas. A maior parte do tempo foi dedicada a resolver as questões preliminares, que continuam a ser um obstáculo para o andamento do julgamento.
Um dos principais pontos de impasse envolve a empresa China International Fund (CIF-Angola). O Estado, representado pelo Ministério da Indústria e Comércio e pelo IGAPE, negou ser acionista da CIF-Angola, mas o tribunal ainda não conseguiu localizar seus representantes legais. A CIF-Angola é acusada de envolvimento no processo, mas, até agora, não compareceu em juízo, e o tribunal não conseguiu notificar os responsáveis pela empresa.
O caso foi levado à revelia, já que a juíza principal, Anabela Valente, declarou que a empresa será julgada sem sua defesa, dado o falhanço na tentativa de localizar seus representantes legais. A CIF-Angola, que anteriormente era representada por Yu Haiming, teve seu novo representante, Lu Zigan, substituindo-o, mas também não foi localizado pelo tribunal.
Além disso, os advogados de defesa dos arguidos questionaram as motivações do Estado e das instituições envolvidas, alegando contradições sobre o papel da CIF-Angola no processo e o fato de estas estarem se distanciando da venda do património, mesmo sem ser acionistas. Outro ponto ainda pendente é a não resposta do tribunal a solicitações feitas pelos advogados em março de 2025, onde foi pedido a absolvição dos arguidos com base na Lei da Amnistia de 2015. Até o momento, não houve um pronunciamento sobre essa solicitação.
O processo-crime, que envolve acusações graves como peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais e tráfico de influências, possui 40 volumes e mais de duas mil páginas de documentos. A expectativa é que, mesmo com os desafios e impasses, o julgamento avance em algum momento, mas por enquanto continua distante de alcançar a fase de produção de provas, com várias questões prévias ainda por resolver.
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